sexta-feira, 22 de julho de 2011

Agricultura familiar, um futuro sustentável no semiárido brasileiro

Reservatório que armazena água das chuvas e pode
abastecer 10 famílias agricultoras

Em Julho é comemorada a semana da Agricultura. Agricultura e sustentabilidade estão diretamente ligadas através do meio ambiente. Sobre o assunto escreveu Méle Dornelas, Publicitária da Comunidade Diocesana de Pesqueira e membro do núcleo de comunicação da ASA Pernambuco. 

A agricultura familiar aparece para a economia do país como importante atuante na geração de alimentos e, consequentemente, do crescimento do mercado financeiro nacional, respondendo ainda por 30% da produção mundial. Cerca de 70% dos alimentos que abastecem o mercado interno vêm da agricultura familiar que emprega 77% dos 17 milhões de brasileiros que vivem no campo, o que garante a sustentabilidade do setor e alavanca a qualidade de vida de famílias agricultoras. 

O histórico da agricultura brasileira obedece a dois modelos distintos. Por um lado, a agricultura familiar e camponesa que privilegia a qualidade de vida, a soberania alimentar, a geração de emprego e a produção familiar. Por outro, o agronegócio, baseado na monocultura, na concentração de terra, no uso intensivo de agrotóxico e de sementes geneticamente modificadas, causando uma destruição ambiental. A agricultura familiar contribui para uma relação cultural e social entre o produtor, a terra e seus frutos. Já o agronegócio substitui o trabalho humano por máquinas, volta sua produção para o mercado externo e ainda concentra a maior parte das terras agricultáveis. 

No Brasil, muitas cidades dependem dessa atividade, mas desafios se colocam no caminho do trabalhador rural. Para que o crescimento da agricultura ocorra, faz-se necessário o uso de tecnologias apropriadas no desempenho das tarefas agrárias e a adoção de condições político-institucionais, como o acesso a créditos, informações organizadas, canais de comercialização, transporte, energia e tantos outros. Outro ponto que emerge como fundamental para o desenvolvimento desse setor vem da mobilização dos agricultores através de organizações. Associações, sindicatos e cooperativas são bons exemplos e se posicionam não somente como agentes de desenvolvimento da agricultura, mas contribuem com uma sociedade mais justa, na medida em que buscam soluções e capacitações conjuntas para seus integrantes e para o mercado onde atuam.

O destempero climático que várias regiões de atuação agrícola familiar estão submetidas também merece atenção. Cerca de 50% dos estabelecimentos rurais encontram-se no Nordeste, principalmente no semiárido. Mas, muitos são os agricultores que aprendem, e bem, a convivência com esse tipo de clima. Por deter uma terra de pouca umidade e chuvas irregulares, a agricultura nessas regiões exige não só uma dose maior de criatividade e ousadia, mas, sobretudo, uma visão mais ampla a partir do desenvolvimento de ações que garantem a sustentabilidade e o equilíbrio das propriedades rurais.

Através da valorização de tecnologias simples e sustentáveis, desenvolvidas para a adaptação da agricultura nesse tipo de clima, o homem rural pode trabalhar o ano todo com a água e utilizá-la também para o uso doméstico. Cisternas, tanques de pedra, biodigestores, barragens subterrâneas, bombas populares e outras tecnologias são fortes agentes de transformação sustentável e de avanços no campo da agricultura familiar.


Biodigestor - Tecnologia que utiliza o estrumo de vacas e bois para a produção do biogás

A Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA Brasil) contribui com a criação e o fortalecimento de políticas públicas voltadas para a região semiárida, verificando as necessidades e as potencialidades das populações locais, e firmando um compromisso com os agricultores familiares.


O desenvolvimento sustentável da agricultura familiar gera a renda das famílias rurais, movimentando o mercado através da comercialização de sua produção. Essa etapa econômica se desdobra para um mercado maior, o nacional e até mesmo o internacional, solidificando a estrutura econômica do país.


“Pensar em agricultura sustentável é pensar em formas de produção que garantam as condições indispensáveis á preservação da vida, por isso nós da ASA trabalhamos com base na agroecologia como um sistema de produção que procura imitar os processos como ocorrem na natureza, evitando romper o equilíbrio ecológico que dá a estabilidade aos ecossistemas naturais“ - Neilda Pereira.

Canteiro Econômico - A Cisterna (ao fundo) armazena a água das chuvas e pode irrigar a plantação por todo o ano, evitando desperdícios e possibilitando uma agricultura sustentável


O texto na íntegra você pode visualizar no blog dos Cáritas Diocesana: http://solidariedadepelavida.blogspot.com/p/agricultura-familiar.html


Colaboradora:
Méle Dornelas, alumnus da AIESEC Recife.

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