sábado, 16 de julho de 2011

A Importância do Voluntariado - Parte II

No post anterior, tivemos um depoimento acerca do trabalho voluntário. Foi comentado como esse trabalho é gratificante do ponto de vista da cidadania e também pontuado que o mercado de trabalho tem dado cada vez mais valor a essa experiência. Mas será que as empresas se preocupam tanto pelo caráter filantrópico da causa?

É inegável que a forma como as empresas financiam programas sociais e ambientais vem mudando consideravelmente ao longo dos anos, diminuindo cada vez mais o espaço para a simples filantropia. Não que as empresas não queiram mais investir em comunidades ou mitigação de impactos, por exemplo; elas agora querem que os projetos estejam alinhados aos seus processos de negócio.

No entanto, na contramão dessa tendência, vemos um forte movimento dentro das empresas que estimula a prática do voluntariado corporativo. Se pensarmos no conceito clássico do que é ser voluntário (segundo a ONU “é o jovem ou adulto que dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividade, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos”), vemos um conflito entre o voluntariado corporativo e a movimentação das empresas para transformarem suas ações sociais e ambientais em atividades estratégicas.

A grande questão que envolve esse dilema é se não traria mais resultados tanto para as empresas quanto para as instituições beneficiadas caso fossem aplicados conceitos de sustentabilidade nas ações de voluntariado. O tema é polêmico, mas se hoje o investimento social das organizações é estratégico, qual o sentido de, ao se realizar ações de voluntariado corporativo, mobilizar recursos financeiros e humanos para algo meramente filantrópico? Como transformar essa filantropia em sustentabilidade?

Para isso ser possível, é preciso planejar as ações ainda na fase de elaboração do evento (dia do voluntariado, semana do voluntariado etc). Os responsáveis pelo comitê de voluntariado (geralmente pessoas da área de sustentabilidade, de comunicação ou de RH) devem identificar dentro das instituições beneficiadas as necessidades referentes não apenas a doações, mas também necessidades estratégicas.

Por exemplo: uma ONG está com problemas de captação, mas não tem alguém com conhecimento de marketing direto para realizar as ações. Ou então a crise fez com que a demanda por atendimento de outra ONG aumentasse substancialmente de forma que a qualidade desses atendimentos tenha caído. Como voluntários corporativos podem ajudar nesses casos?
O voluntariado sustentável pode acontecer de diversas maneiras, alguns exemplos são: o colaborador doa seu conhecimento para executar projetos ou ações em determinada área. Ou ele capacita funcionários ou outros voluntários para atuarem numa área. Dependendo do tempo e da equipe voluntária, pode-se, até, reestruturar uma área. Há, inclusive, a possibilidade de colaboradores atuarem em outros processos para ganhar experiência.
Depois de identificadas as necessidades das instituições beneficiadas, cabe ao comitê replicar as informações aos funcionários da empresa e buscar interessados em formar grupos de ação. A forma como isso acontece depende de como as empresas organizam seu voluntariado, da disponibilidade dos recursos humanos das empresas e varia de acordo com a estrutura e necessidade das instituições sociais.
É claro que ONGs, asilos, creches têm necessidades urgentes que não podem esperar. E é claro também que a filantropia não pode acabar. Essas necessidades devem ser respeitadas. Mas junto das ações imediatas, as empresas podem pensar com carinho na implementação do conceito de voluntariado sustentável, afinal, não é mais efetiva e de maior alcance uma ação que beneficie uma instituição continuamente?

Fonte:

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Importância do Voluntariado - Parte I

É prática comum da equipe deste blog convidar algumas pessoas para escrever para este espaço, seja abordando um tema alinhado com nossa proposta ou compartilhando alguma experiência pessoal marcante.

Para a primeira postagem desta semana, decidimos abordar o tema Voluntariado, cuja prática tem sido cada vez mais valorizada pelo mercado e que mantém uma ligação subjetiva com o tema Sustentabilidade, que dá norte a este blog. Divulgamos o depoimento de Thiago Fernandes, recifense que está há 3 anos trabalhando no Canadá. Ele foi participar de um intercâmbio promovido pelo governo canadense e está naquele país até hoje.

Acompanhem!


Eu só entendi a importância e a beleza do trabalho voluntariado após morar fora do Brasil. Trabalho voluntariado não quer dizer trabalho sem retorno. Talvez não um retorno financeiro, mas no mundo em que vivemos hoje, há outras formas de reconhecimento, felicidade e paz interior que dinheiro não pode comprar.
Primeiro, é importante lembrar da necessidade de voluntariado para a sociedade. Há várias pessoas na nossa comunidade que precisam de ajuda. E muitas vezes essa ajuda não é financeira, mas sim de uma palavra de conforto, alguém para conversar, ou uma força em um projeto que tenta criar um mundo melhor. 
Como eu sou apaixonado com crianças, um dos projetos que chamou minha atenção aqui no Canadá foi o Big Brother. E vale salientar que isso não tem nada a ver com o programa de TV. O projeto combina um adulto com uma criança que está passando por problemas ou não tem uma família que pode dar o suporte social que ela precisa. O que você precisa fazer? Passear ou visitar essa criança uma vez por semana. 
O projeto que eu participei é chamado Live, Work & Play, e ajuda crianças com problemas mentais a interagir com a socidade. Toda sexta-feira das 19h às 20h, vamos fazer uma atividade social que eles escolhem, como boliche, uma peça de teatro ou algum esporte. Ver essas crianças crescerem e virarem independente quando o mundo inteiro diz que eles nunca poderiam é uma recompensa que dinheiro nenhum poderia comprar. 
Mas por que voluntariar? Essa é uma maneira de você doar para a comunidade, de melhorar o espaço em que vivemos. Sozinho, governo nenhum pode transformar uma sociedade, mas quando cada um de nós contribue um pouco que seja, começamos a criar mudanças verdade. Fazer trabalho voluntário é uma maneira de você lembrar todos os dias, o quão privilegiado você é e o quão bem te fará fazer o bem. Por mais cliché que isso seja, eu aconselho cada um a fazer trabalho voluntário, tenho certeza que você vai tirar uma lição de vida seja qual for o trabalho voluntariado que você se envolva. Procure algo que te motive: meio ambiente, direitos dos animais, crianças, idosos, pobres, pessoas com problemas de saúde, marginalizados na sociedade, mulheres que sofreram violência sexual, etc. Essa é a sua chance de mudar o mundo.




Colaborador
Thiago Fernandes